O cancro da mama , ao contrário do que se possa pensar não é uma doença deste século. A primeira referência que há a esta doença remonta ao Egipto a cerca de 1600 A.C. e daí por diante de uma maneira mais ou menos constante ao longo de toda a história. A sua repercussão não era tão grande como nos dias de hoje, porque as mulheres morriam normalmente de outras causas e, muitas vezes, antes das idades em que o cancro se torna mais frequente.
Nos nossos dias o cancro da mama tornou-se uma doença com grandes consequências em termos de saúde pública, é uma das formas de cancro mais frequentes da mulher, principalmente nos países ocidentais. Estima-se que no mundo haja 500.000 novos casos por ano e cerca de 165.000 mortes por esta causa. Todos os anos, em Portugal, cerca de 3.500 mulheres engrossam a lista de doentes nas quais é diagnosticado um cancro da mama.
Causas do cancro da mama
As causas ainda não são completamente conhecidas. Sabe-se, contudo, que algumas mulheres estão em maior risco de o desenvolver.
Dado que não conhecemos a sua causa é difícil promover a sua prevenção. No entanto, são conhecidos alguns factores que estão envolvidos em maior ou menor grau no aparecimento do cancro e que poderão alertar uma mulher para um risco acrescido de poder, durante a sua vida, desenvolver um cancro da mama.
Factores de risco do cancro da mama
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Sexo – Este tipo de cancro não é exclusivo da mulher. O homem também tem mamas e portanto também tem cancro da mama. Como a sua incidência é muito menor, um caso no homem para cada 100 na mulher, o problema é sempre posto no feminino.
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Idade – O risco do cancro da mama aumenta rapidamente com a idade durante os anos férteis da mulher, sobretudo a partir dos 40 anos. Depois da menopausa a sua incidência continua a aumentar mas de forma mais lenta.
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Factores relacionados com o ciclo menstrual – As mulheres que tiveram uma menarca ( 1º período menstrual ) cedo, antes dos onze anos, e as que tiveram uma menopausa tardia, após os cinquenta anos, apresentam um pequeno aumento do risco.
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Fatores da reprodução – A idade tardia do nascimento do primeiro filho é uma determinante importante no risco para o cancro da mama. Assim, uma mulher que tem o seu primeiro filho após os trinta anos, tem um risco relativo duplicado em relação a outra mulher, cujo primeiro filho nasceu antes dos dezoito anos. O número de filhos parece ter um efeito protetor assim como o seu aleitamento.
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Historia Médica – À excepção de algumas formas precisas, a existência de patologia benigna não aumenta o risco da mulher vir a ter um cancro da mama.
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Factores Genéticos – Embora se saiba que não existe transmissão genética do cancro da mama existem, contudo, alguns factores que para ele contribuem e que podem ser hereditários. As mulheres com familiares directos com cancro da mama têm um risco relativo aumentado, principalmente se estas forem a mãe ou a irmã e se a idade de aparecimento tiver sido antes dos trinta e cinco anos de idade.
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Anticoncepcionais Orais – A pílula não está diretamente implicada no cancro da mama. No entanto, as mulheres que a tomaram durante pelo menos dez anos, antes dos seus trinta e cinco anos e que não tiveram filhos, têm um risco ligeiramente aumentado.
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Terapêutica Hormonal de Substituição – A terapêutica hormonal de substituição, quando realizada por um período superior a dez anos, aumenta ligeiramente o risco da mulher poder desenvolver um cancro da mama.
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Traumatismo da Mama – O traumatismo mamário em si não tem relação com o cancro da mama. Normalmente o que acontece é que a mulher que sofre um traumatismo da mama passa a palpar a sua mama e descobre um nódulo, que nalguns casos é um cancro. Este tumor já existia, no entanto, anos antes de se ter dado o traumatismo.
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Outros – A ingestão de álcool, o tabaco e a aplicação de tintas para o cabelo não têm qualquer relação com o risco de aparecimento do cancro da mama.
No entanto, cerca de 75% de todos os casos de cancro da mama dão-se em mulheres sem nenhum destes factores de risco, a excepção da idade, isto é, sem nenhuma pista que nos ponha de sobreaviso.
Há, contudo, alguns sinais que nos podem alertar para a existência de um cancro da mama. Muitos deles não são exclusivos desta situação, mas a sua valorização pode-nos levar ao mais importante, ou seja, à sua detecção precoce.
Dentro destes sinais de cancro da mama destacaria:
- Alterações do tamanho e forma da mama
- Palpação de um nódulo mamário
- A existência de uma zona de depressão da pele da mama ou uma alteração da sua textura.
- A existência de um corrimento mamilar, principalmente se este for sanguinolento
- A alteração recente da forma do mamilo e / ou da aréola
- A aparecimento de uma zona avermelhada na aréola ou na área envolvente.
- Aparecimento de um inchaço na axila
A dor mamária não é um sintoma comum do cancro da mama (2%). A pesquisa destes sinais é muito fácil e é sobretudo eficaz se a mulher incluir a rotina do exame mamário na sua vida.
Dr. Luis Mestre (Especialista em Cirurgia Geral)