A gravidez, para muitas mulheres e homens também, é um grande desafio. São tantas as dúvidas das grávidas que, muitas vezes, a mulher não sabe se acredita ou não nos ditos populares que a família e os amigos contam.
Para desmistificar e esclarecer essas preocupações, o ginecologista e obstetra, Domingos Mantelli, revela alguns mitos e verdades que envolvem a gestação:
As dúvidas das grávidas:
1. A penetração pode provocar aborto ou antecipar o trabalho de parto?
Mito. O bebé está dentro do útero e envolto por uma membrana cheia de líquido amniótico. Além disso, o colo do útero é fechado e conta com uma espécie de “rolha” de muco que o protege contra a entrada de micro-organismos. Portanto, durante a relação sexual, o penis não entra em contato com o bebé.
Aliás, as relações sexuais na gestação são até benéficas, já que aumentam o fluxo sanguíneo na região pélvica da mulher, a oxigenação do feto e a produção de endorfinas, que trazem sensação de bem-estar para a mãe e para o bebé. As práticas sexuais só devem ser interrompidas se o obstetra observar, durante o pré-natal, sangramentos genitais ou riscos de aborto, parto prematuro ou deslocamento prematuro de placenta.
2. Carne crua ou mal passada deve ser evitada?
Verdade. A carne crua pode causar problemas de saúde como diarreia, infecção intestinal e até toxoplasmose, e isso pode desencadear problemas mais sérios como o aborto. Isso não é valido para o peixe crú, desde que seja fresco. No caso da carne mal passada, não há nenhum risco, desde que preparada corretamente ou consumida em local confiável.
3. Grávida não pode pintar os cabelos?
Depende. A grávida pode pintar os cabelos e fazer madeixas depois do primeiro trimestre de gestação, mas deve obedecer a uma distância de, pelo menos, 1,5 cm da raiz e sem produtos que contenham amónia, metais pesados, benzeno, corantes e formol.
4. Desejos são reais ou coisa da cabeça da grávida?
Verdade. Os desejos são reais. Há explicações científicas para as vontades das grávidas. Especula-se que os desejos estejam relacionados com as alterações hormonais e com os fatores emocionais, culturais, socioeconómicos e ambientais.
Por isso, é importante que a grávida converse com o médico para que possa identificar as causas, tais como: desordem alimentar (picamalácia);
- anemia;
- constipação;
- distensão;
- problemas dentários;
- infecções;
- hipercalemia (grande quantidade de potássio no sangue);
- intoxicação por chumbo;
- entre outros.
O obstetra pode identificar uma deficiência de nutrientes e indicar o tratamento adequado.
É importante destacar que nem todos os desejos devem ser satisfeitos. Isso vale para tudo que não é alimento e para as combinações excêntricas como goiabada com lasanha, por exemplo.
Muitas vezes, as consequências de seguir essas vontades podem desencadear problemas como partos prematuros, baixo peso do bebé ao nascer, irritabilidade do recém-nascido e exposição fetal a substâncias tóxicas, além do risco de diarreia e desidratação da grávida.
Não saciar os desejos não fará com que o bebé nasça com a “cara” do alimento ou com algum sinal no corpo.
5 – As grávidas podem usar salto alto?
Verdade. Elas devem ter cuidado com o tamanho do salto, pelo risco de queda. Isso porque as grávidas produzem uma hormona chamada “relaxina”, que relaxa as articulações e aumenta a flexibilidade e a mobilidade dos ossos do quadril (para facilitar a passagem do bebé no parto). Como os ligamentos e articulações afrouxam, os tornozelos, joelhos, ombros e coluna ficam mais suscetíveis a lesões.
6 – As grávidas podem usar um hidratante qualquer no corpo?
Depende. A grávida pode utilizar hidratantes no corpo, mas não todos. É importante que ela converse com o obstetra e, se necessário, procure um dermatologista. A escolha de produtos errados pode provocar dermatites, ressecamentos, alergias e outros problemas de pele.
7 – A grávida não pode fazer musculação?
Mito. As mulheres que estão acostumadas a praticar este tipo de exercício físico podem continuar a fazer as suas atividades físicas quando engravidam, porém, é preciso passar por algumas adaptações no que se refere á carga e ás posições. O ideal é que a grávida conte com a ajuda de um personal trainer que seja especializado em grávidas para que possa adaptar o treino.
Quem não praticou atividades físicas ou não fez musculação até pode iniciar, mas com uma carga extremamente baixa e com um ritmo de baixa intensidade.
Há uma regrinha básica principal para todas as grávidas: não ficar ofegante e não deixar a frequência passar de 150 batimentos cardíacos.
Vale lembrar também que todas as grávidas tem mais riscos de lesões nos ligamentos, já que na gravidez ela liberta a relaxina, hormona que relaxa as articulações. Daí a importância do reposicionamento, da mudança de postura durante a atividade física.
Esperamos tê-la tranquilizado com as respostas ás dúvidas das grávidas que consideramos mais pertinentes.