A algum tempo eu venho “matutando” sobre um fato extraordinário, e que vem me chamando muito a atenção desde o dia em que eu tive a bendita notícia de que iria ser Pai.
Esse fato, do qual eu me refiro, é o poder transformador que essa notícia nos causa.
É impressionante, mas desde o dia que eu tive essa notícia, eu passei a me sentir “outro”. É uma coisa inexplicável, mas passamos a pensar senão 24 h. mas pelo menos grande parte do nosso dia nesse ser que está por vir.
O que mais me chama a atenção, é que até então, eu achava que esse tipo de reação, que eu posso dizer até “abobalhada”, nunca fosse acontecer comigo. Já acompanhei de perto algumas gravidez desses pais “bobalhões”, que como dizem na minha terra, ficam “abestados”, mas sinceramente nunca pensei que isso fosse me acontecer. Até mesmo porque, eu sempre achei ridículo, mas hoje posso compreender melhor, o que se passa na cabeça de um homem que está se preparando para ser Pai.
Talvez muitos dos que estão me lendo agora, não estejam tendo a menor idéia do que eu estou falando, isso porque muitos de vocês ainda não passaram por isso, mas o fato é que nós homens, também “ficamos grávidos”, e essa conclusão eu confirmo cada vez mais a cada dia.
Aí eu fico me perguntando, será que é porque é o meu primeiro filho? Ou será que com cada filho a sensação será a mesma? Boa pergunta… só experimentando para saber, mas não agora, vamos aguardar mais alguns anos…
Vou tentar descrever em poucas e objetivas palavras, a sensação que tem me assaltado durante esses “meus primeiros 3 meses de gravidez”.
Antes de mais nada, o que primeiramente me vem a cabeça é: Será menino ou menina? Naturalmente, isso é fato, não é machismo! Todo pai no fundo, no fundo quer um companheiro. Para torcer pelo mesmo time que o seu, para te acompanhar no futebol de domingo, para ser seu parceiro de pescarias, para compartilhar com você as suas primeiras descobertas sexuais e seus amores… isso é fato, o pai que me dizer que é mentira estará mentindo! A mãe não, a mãe já pensa e idealiza de outra forma…. até mesmo pela própria natureza feminina que é muito diferente da masculina, mas esse não é o mérito da questão, teremos oportunidade de falar sobre isso em outra oportunidade.
É claro, que não temos dúvida, de que independentemente de que seja menino ou menina, aquele que vier será sempre muito bem vindo e amado, mas que a preferência existe não podemos negar.
Perpassando pela questão sexual do futuro filho, vem outros pensamentos e questionamentos. Como será esse ser que está vindo? Será que irá se parecer mais com a mãe ou comigo? Será que terá alguns traços dos avós? E se tiver, serão dos maternos ou dos paternos? Esses questionamentos, com certeza eu terei até vê-lo nos meus braços. E em pensar que vou ter que esperar no mínimo mais 5 meses… dá até desespero…
E a expectativa da primeira ecografia? Dá até frio na barriga só de relembrar… E garanto a todos, a primeira imagem que nós vemos é inesquecível! O médico não precisa nem falar nada, nós pais, por nós próprios, somos instintivamente capazes de compreendermos tudo o que estamos vendo, é impressionante! Ver o corpinho ali formado, as perninhas e bracinhos mexendo sem parar, o coraçãozinho batendo freneticamente…. meu Deus, não existe nada igual, é o milagre da vida! Eu fico imaginando a emoção que deve ser o nascimento, pois essa “simples” ecografia já é muito emocionante, imaginem o restante que está por vir.
O engraçado, é que por mais que fiquemos olhando aquela imagem encantadora, sempre achamos que foi pouco, e que o médico foi mesquinho, puxa, poderia ter demorado um pouquinho mais! Sempre saímos com essa impressão. Ao menos essa foi a sensação que eu tive, e que eu acho que muitos pais devem ter também.
Acho que não é demais relatar para vocês, a preocupação e curiosidade em saber como tudo está se passando dentro daquele mundo somente dele. Será que ele está bem dentro da barriga da mãe? O seu desenvolvimento está sendo normal? Por mais que tenhamos uma formação técnica, com informações teóricas sobre o assunto, sempre nos questionamos sobre isso.
Eu particularmente quero saber tudo, não sei se é pela minha curiosidade natural, ou por instinto paterno mesmo, mas eu acompanho semanalmente o desenvolvimento, desde que tivemos a notícia da nossa gravidez. Acompanhei todo o desenvolvimento embrionário, o que estava ocorrendo em cada fase, quais as transformações que estavam sendo efetuadas, vendo imagens. Isso tudo ajuda muito, até mesmo à compreender um pouco as transformações pelas quais a mãe está passando. Continuo semanalmente vendo imagens e lendo a respeito do desenvolvimento fetal.
É surpreendente a transformação que a natureza causa, tanto na mãe como no ser que ela está gerando no ventre. Apesar de não ser mãe, de não ser um especialista no assunto, e até mesmo de não está acompanhando muito de perto as transformações sofridas por minha mulher, eu pretendo escrever um texto a partir das minhas leituras, e breves, porém, atenciosas observações sobre o assunto.
O que mais me dói, é o fato de por motivos profissionais, eu estar ausente. Não de coração, mas fisicamente. Gostaria de acompanhar dia a dia o desenvolvimento do meu filho, ainda mesmo na barriga da mãe. E acompanhar também, é claro, as transformações sofridas pela minha mulher. Acho que a participação nessa etapa é fundamental, e estou fazendo o máximo para estar o mais rápido possível ao dela, acompanhando, apoiando e curtindo todos os momentos dessa fase mágica que é a geração de uma vida.
Com isso, eu reforço a minha idéia de que homens também engravidam, pois também passam por transformações psicológicas extraordinárias. E se não são hormônios que estão atuando nessas transformações, com certeza é o amor paterno, e sobretudo, o instinto de perpetuação da espécie, que é inerente a todo e qualquer ser vivo, mesmo que não nos demos conta disso.
Aristônio Magalhães Teles.