As crianças têm tendência para imitar os mais velhos. Fazem o que eles fazem, vestem-se e agem como eles. Imitar os pais, dá-lhes uma importância e liberdade engraçada.
Os mais novos protagonizam verdadeiras histórias entre eles. Um deles é o médico da telenovela, mau e autoritário, e o outro é o seu empregado, habituado a cumprir as suas ordens. Falam como eles, vestem-se como eles, fazem os mesmos gestos e tentam dar um rumo à história que, às vezes, nem chega a ter um final. Mas, os mais jovens têm também necessidade de imitar os pais, as pessoas e figuras que mais próximas estão de si. Aqui é que reside o processo da identificação da criança e do mundo.
É muito comum vermos uma criança vestida com o vestido da mãe, pintar-se como ela, colocar a sua mala e adoptar a sua maneira de andar. Os pais acham imensa piada, embora tenham um certo receio de ver estragar as suas coisas pessoais. De qualquer maneira, estes são momentos em que os mais novos estão entretidos, distraídos e que sonham com pessoas que querem, um dia, vir a ser.
Tendencialmente, as crianças adoptam esta brincadeira para entrarem um pouco no mundo dos adultos, agir como eles e perceber que horizonte é esse tão distinto do deles. Os pais são os seus pontos de referência, a ponte através do qual passam da margem da infância para a da maturidade. Todavia, as brincadeiras em que entram crianças disfarçadas de adultos não passam de simples jogos, onde cada protagonista leva a sua imaginação o mais além que conseguir.
Frequentemente, a criança adopta uma determinada postura ou estatuto numa brincadeira, porque é aquilo que ela realmente desejava ser. Não é por acaso que uns preferem fazer passar-se por médicos e brincar sob este cenário, e outros preferem fingir que são cantores de uma banda rock famosa. A fase da imitação aparece a partir dos dois anos de idade e, nessa altura, já a criança sente necessidade de vestir o vestido da mãe ou colocar o fato do pai.
Durante cerca de três anos, até mais precisamente aos cincos anos de idade, este processo de imitação é muito forte e constante. Não só uma imitação física e na maneira de agir acontece, como também uma imitação a nível psicológico e intelectual. Esta última surge quando as crianças vão para a escola, e aprendem a ler e a escrever. Habituados a ver os pais a devorarem jornais e os filmes da TV, as crianças querem também aprender para poderem fazer o mesmo que os mais velhos.
Pelo facto de as pessoas com quem a criança mais se identifica serem os pais, estes devem ter uma conduta correta, a partir de valores comuns na sociedade e devidamente estipulados por todos. Se a criança tiver debaixo do seu tecto um comportamento mais desviado, é normal que o siga e que o queira imitar. Isto porque, a criança não tem noção do que está certo ou do que está errado, limitando-se a seguir os moldes comportamentais com os quais todos os dias se relaciona.
Por este motivo, muitas crianças acabam por vir a revelar-se com muitos problemas dos mais velhos. Primeiro, porque ninguém lhes diz que as suas acções são erradas e depois, porque ao ver os pais fazerem determinadas coisas, acham que não há problema nenhum. Tente levar uma vida comum e repleta de valores sociais, para que os seus filhos não caiam no mesmo erro que os seus.
Por agora deixe-os brincar, usar o seu baton, a escova, brincos e vestidos, pois através destas brincadeiras eles começarão a desenvolver o seu próprio processo identificativo. Mais tarde, as coisas têm tendência a tomar um rumo mais personalizado com a entrada na escola e a convivência com os outros colegas da sua idade. Por enquanto, delicie-se com as piadas deles e as suas brincadeiras.