Foi por volta dos 4 anos que o meu filho se começou a revelar. Até era engraçada a forma como começou a ler e escrever sózinho, mas sempre utilizando letra de imprensa.
Começou pelas marcas dos carros, até mesmo os menos conhecidos; identificava bebidas de toda a espécie (chegou a fazer colecção de caricas) até as menos “badaladas”; nomes de países relacionando sempre, sem dificuldade, as bandeiras correspondentes.
Depois começou o fascínio pelas páginas Amarelas, Atlas, Enciclopédias e se estas fossem relacionadas com a saúde melhor ainda. Perante tudo isto eu ia pensando que seria fácil a entrada na escola.
Dos 5 aos 6 anos frequentou a Pré-primária. Gostava da Educadora, da auxiliar e dos amigos. No entanto o seu interesse estava sempre direccionado em saber onde tinha sido fabricado o papel utilizado nos trabalhos, o fabrico das canetas etc.
Não tinha paciência para pintar, desenhar ou fazer colagens. Aos 6 anos entrou na escola primária e foi um “desastre”.
Tornou-se um menino indisciplinado, não queria ir à escola, dizia-me que a escola era chata, negava-se a fazer letra maiúscula, enfim uma situação muito desconfortável para a professora e para mim também.
Procurámos ajuda do psicólogo mas pouco resultou. A professora afirmava nunca ter tido um aluno assim. Entretanto passou um programa na televisão abordando este tipo de problemas. Nesse mesmo programa falou-se do CPCIL e foi uma porta que se me abriu. Na altura o meu filho tinha 7 anos e andava na segunda classe.
Foi às consultas e gostou ( …bem a Dra. Manuela é uma simpatia…). Com indicação da Dra. o meu filho começou a fazer trabalhos diferentes como química, geografia e história e dava para ver aquele brilho nos olhos que nós mães adoramos ver. O André está agora na 3ª classe e estamos na expectativa de como as coisas vão correr.
Não posso deixar de falar na professora do meu filho, de todo o seu interesse apesar de ser um “caso novo” no seu trabalho. Não é fácil tentar ensinar a matéria do programa estabelecido e o meu filho manifestar interesses completamente diferentes. Infelizmente o ensino não está preparado para trabalhar com este tipo de alunos.
O André continua o ter os seus interesses e quando não encontra resposta nos livros que tem em casa vai às estantes dos tios e primos manifestando grande ansiedade até satisfazer as suas dúvidas. Uma coisa também aprendi com esta situação: não podemos comparar os filhos pois tenho outro filho mais velho, com 20 anos e está no 3º ano de Arquitetura. Foi sempre um bom filho, bom aluno, é muito “certinho” mas é muito diferente do irmão.
No entanto têm o direito de ser amados e compreendidos por igual. Tudo farei para que os meus filhos sejam honestos, felizes e realizados.
Maria de Lurdes Portugal Santos