Está grávida do seu primeiro filho e, à medida que o tempo de gestação vai passando, vão aumentando também as suas ansiedades em relação ao dia do parto: “Será que vou sofrer muito?”, “Conseguirei de facto contribuir para que o meu bebé nasça sem dificuldades?”, “Irei estar muitas horas em sofrimento?”. Estas são apenas algumas das muitas (mesmo muitas!…) perguntas que passam pela cabeça de qualquer futura mamã.
O ideal era que, de facto, existissem respostas decisivas e acertadas a todas estas questões. Infelizmente não existem, porque cada mulher e cada parto é um caso. Daí que me pareça que a melhor solução de todas é informar-se o mais e melhor possível para que vá para a sala de partos com a cabeça mais liberta de ansiedades e preocupações.
Isto porque quase todas as mulheres associam o parto a uma única imagem: dores em excesso e muitas horas em sofrimento. No entanto, esta é uma realidade cada vez mais distante das maternidades dos nossos dias, sendo já bastantes as técnicas que nos ajudam a viver a hora do parto de uma forma mais tranquila e menos dolorosa.
As aulas de preparação para o parto são, sem dúvida, um dos primeiros e mais importantes passos que qualquer futura mamã pode dar. É ali que se aprende não só o que é realmente estar grávida, mas também, e principalmente, que se fica a conhecer todas as técnicas que poderão ajudar a mulher a viver o parto tal como ele é: um momento único, belo e inesquecível.
É, no entanto, imprescindível que perceba o que é entrar em trabalho de parto, o que concerteza ficará a saber nas aulas de preparação para o parto e nos inúmeros livros que actualmente existem no mercado.
Se bem que seja pouco provável que não se aperceba do início do trabalho de parto, é sempre importante conseguir reconhecer alguns sinais geralmente inconfundíveis:
- A queda do rolhão mucoso: o tampão de protecção que selava a passagem do canal uterino solta-se e sai pela vagina, com um aspecto sanguinolento. Quando se dá a saída do rolhão mucoso significa que a mulher está a pouco tempo de iniciar o trabalho de parto (a horas ou poucos dias), devendo por isso começar a preparar as suas coisas (e as do bebé) para em breve ir para a maternidade;
- O rebentamento das águas: as membranas do saco amniótico em que o bebé tem estado a flutuar rompem-se, escorrendo pela vagina. O líquido deverá ser transparente ou esbranquiçado, sendo que, caso tenha uma tonalidade amarela, verde ou acastanhada, deverá dirigir-se imediatamente para o hospital (o bebé poderá estar em perigo);
- Contrações: sendo habitual que as futuras mamãs sintam algumas contrações antes de chegar a hora do parto propriamente dita, os médicos costumam aconselhar que a mulher apenas se dirija para a maternidade quando as contrações são regulares e se verificam de 10 em 10 minutos.
- Durante o trabalho de parto, e numa primeira fase, as contracções são para fora e dilatam a cérvix, até que a dilatação seja de 10 cm. Numa segunda fase, ajudam a empurrar o bebé para a vagina e, finalmente, após a expulsão do bebé, ajudam à saída da placenta. As contracções podem ser muitas vezes acompanhadas de dores nas costas ou nos rins, enjoos e diarreia.
Ao ter algum destes sintomas, deverá dirigir-se ao hospital ou clínica onde prevê ter o seu bebé para que os médicos possam perceber se está de facto a entrar em trabalho de parto. E se há mulheres que pouco depois de terem algum destes sinais de parto vêem os seus filhos nos braços, outras há que ainda vivem algumas horas até que possam conhecer ao vivo o bebé que carregam dentro de si. Por isso, é importante que vá preparada para tudo.
Importante também é que solicite à maternidade, ainda a meio da sua gravidez, uma “visita guiada” pelos locais por onde vai passar no dia do parto. Isto para que, no grande dia, se sinta mais descontraída e tranquila conhecendo de antemão o trajeto que vai ter de percorrer.
Mas… e como é realmente o momento do parto? Os médicos costumam caracterizar os partos normais em três fases distintas:
1 – A fase da dilatação – é, geralmente, a mais longa (podendo durar 12 ou mais horas), sendo caracterizada por um aumento sequencial da frequência e da intensidade das contracções, até que a mulher atinja a dilatação ideal (10 cm) para que se possa então entrar na segunda fase do parto;
2 – A fase da expulsão do bebé – ou seja, a fase em que nasce o bebé. Esta fase tanto pode ser muito rápida, durando apenas alguns minutos (especialmente em casos em que não se trata de um primeiro filho), como mais demorada. É, sem dúvida, o momento mais cansativo para a mulher, que tem de recorrer a toda a sua força de um modo controlado e frequente para auxiliar na expulsão do bebé;
3 – A fase da expulsão da placenta – depois do bebé já ter nascido, dá-se o “nascimento” da placenta. Trata-se de uma fase menos dolorosa e mais curta, em que vai continuar a sentir contracções frequentes que têm como objectivo ajudar a separar a placenta do útero. Depois de expulsa a placenta, o médico ou a enfermeira irão confirmar se o seu útero está a encolher normalmente e ser-lhe-ão suturadas as zonas que tenham sido eventualmente sujeitas a uma episiotomia (o corte que é feito na zona do períneo para ajudar na saída do bebé).
Terminadas estes três fases, poderá sentir-se orgulhosa de já ter passado pelo momento do parto e ter o seu filho nos braços. Deverá ter alta e voltar a casa ao fim de 48 horas. Prepare-se para viver momentos de alegria sem fim que a vão fazer lembrar-se apenas das coisas boas que viveu durante o parto!
Alda Benamor
Bibliografia utilizada:
Manual Completo da Gravidez e do Bebé
Alison Mackonochie
Editorial Estampa