Era uma vez uma jovem muito bonita, de cabelos loiros como o sol, olhos azuis como o mar, e de pele branca como a neve. Joana era uma das criadas do Reino, lugar encantado onde os rouxinóis cantavam alegres melodias e as águas paradas do riacho davam de beber a todos os animais.
Mas, este Reino era também um lugar onde havia muita pobreza e tristeza entre as pessoas.
Joana era a criada preferida da Rainha do Reino. Sempre muito amiga e companheira, Joana vestia a Rainha com lindos vestidos, penteava-lhe o cabelo e perfumava-a com um perfume extraído das flores do jardim do Palácio. Contudo, a Rainha era uma mulher sem coração, que pouco ou nada se preocupava com os problemas e com a fome que existia no seu Reino.
Um certo dia, a Rainha contou à menina que estava muito feliz. O seu filho, João, voltava para o Reino dentro de uma semana, após ter estado numa viagem muito longa por outros reinos distantes. Joana sorriu, e o seu coração pulou de alegria, mas também de tristeza pois Joana sabia que a Rainha jamais permitiria o casamento dos dois. Joana tinha ouvido falar muito do bom coração e da beleza do Príncipe, mas nunca pensou que se apaixonaria assim que o visse.
Durante uma semana a menina não dormiu e, um dia antes da data prevista, o Príncipe João apareceu, ainda antes do romper da aurora, cavalgando no seu cavalo branco pelos campos fora. Era ainda muito cedo e Joana conversava com a Lua, contava-lhe que tinha saudades dos seus pais, há muito falecidos, e que nunca tinha encontrado nenhum rapaz que dela gostasse por ser uma mera criada.
A Lua consolava, tocava-lhe com os seus lábios de luz, e eis que um cavalo branco e iluminado pelos céus, pára junto à janela de Joana.
-Quem és?-perguntou-lhe o jovem príncipe
-Sou… sou uma… sou a filha de uma amiga da Rainha! – disse, mentindo, a jovem.
O Príncipe olhou para ela, altivo e forte no seu cavalo, e desde esse momento soube que se tinha apaixonado por aquela jovem de cabelos de ouro e de olhos de mar. Nervosa, a jovem deitou-se na sua cama, e chorou noite fora, por jamais poder ser feliz com o Príncipe. A lua, lá no alto, ainda lhe disse que o Príncipe gostava dela, e que lhe devia contar a verdade.
Nesse dia de manhã, Joana abandona o Palácio de Cristal para fugir ao seu amor. Enquanto caminhava por montes e vales, as lágrimas corriam-lhe pelo rosto em sinal de desespero. Encontrou uma cabana abandonada e aí ficou, até adormecer de cansaço. Os dias passaram e Joana, sem ter o que comer, adoeceu gravemente. Os animais iam lá dar-lhe o pouco comer que era possível encontrar no Reino, mas Joana não melhorava.
Pelo Palácio, a Rainha dava vivas pelo regresso do seu filho, mas estranhava a ausência de Joana. Procurou por todo o palácio e, só à noitinha, a Lua contou à Rainha que a jovem, envergonhada por ser apenas uma criada e apaixonada pelo belo Príncipe, fugiu para bem longe.
O Príncipe, desesperado, correu atrás da sua amada, e jurou que se a encontrasse daria o poder à Lua de cobrir todo o Reino de muito cristal e pedras preciosas, e assim todas as pessoas poderíam viver melhor. Após sete dias e sete noites, João encontrou a sua amada doente numa cabana, com febre, e mal alimentada. Levou-a para o Palácio e cuidou dela durante dias a fio.
Os jovens, apaixonados um pelo outro, fizeram uma grande festa e convidaram todos os empregado do Palácio e do Reino. Á noite, a Lua pintou os montes, vales, casas, animais e o riacho de uma cores cristalinas e puras, dando mais riqueza às pessoas do Reino.
Quando todos os habitantes do Reino morreram, a Lua continuou a cumprir essa missão e hoje, situado a sul de Portugal esse reino já inexistente, ainda há quem diga que jura ver cair cristais do negro dos céus e que dois jovens passeiam num cavalo branco por montes e vales encantados, em busca do sentido de justiça e do amor entre todas as pessoas da Terra.