Empurrar, gozar e brigar é mais do que uma simples brincadeira de recreio, trata-se de violência na escola ou simplesmente bullying na escola.
Investigadores estrangeiros e portugueses que estudam o fenómeno do bullying defenderam a necessidade de pôr fim a falsas crenças de que “empurrar, gozar e brigar” no recreio são apenas brincadeiras normais e inofensivas entre crianças.
O bullying, termo inglês que não tem uma tradução directa para o português, pode ser definido como forma de intimidação ou humilhação quer física quer psicológica praticada por um indivíduo (bully ou “valentão”) ou grupo de indivíduos com o objectivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz/es de se defender.
Segundo os investigadores que participaram num dos painéis da 4ª Conferência Mundial sobre Violência Escolar e Políticas Públicas, existe ainda a ideia errada nas sociedades e nas comunidades educativas de que alguns dos comportamentos cientificamente definidos como bullying “são apenas práticas normais entre crianças e que fazem parte do crescimento”.
Pelo contrário, os investigadores defendem que o bullying provoca sofrimento, baixa de auto-estima nas crianças vítimas deste tipo de acções praticadas pelos colegas e em muitos casos levam ao mal-estar físico.
Um estudo desenvolvido por Sónia Raquel Seixas, investigadora portuguesa da Escola Superior de Educação João de Deus, revela que existe uma tendência para os alunos vitimizados apresentarem níveis inferiores de saúde e bem-estar quando comparados com os alunos agressores.
Por outro lado, ao nível de sentimentos de bem-estar, o estudo verificou também que os alunos vítimas evidenciaram uma menor percepção de bem-estar comparativamente aos alunos agressores, tendo maiores sentimentos de solidão, fraqueza e incapacidade.
Para a investigadora é importante que os pais, os professores e os funcionários das escolas estejam alerta aos sinais.
Os agressores têm normalmente comportamentos de raiva descontrolada, são impulsivos e zangam-se facilmente, podendo também ser obstinados.
Já as vítimas podem não só revelar ferimentos, cortes, arranhões como também serem os que na hora do recreio procuram estar junto dos professores ou do funcionário da biblioteca.
Os alunos vítimas são também aqueles que parecem receosos ou relutantes em ir à escola, com queixas repetidas de dores de cabeça ou de barriga e os que se desmotivam do trabalho escolar, manifestando baixo interesse pela escola.
A investigadora portuguesa defende ainda que é preciso que todos estejam alertados para estes sinais e que se desmistifique na sociedade e nas escolas «falsas crenças» de que comportamentos intimidatórios são normais.