Investigadores britânicos dizem ter encontrado a primeira prova de que crianças que tinham peso baixo ao nascer já apresentavam alterações específicas no funcionamento do coração e dos vasos sanguíneos na infância.
O estudo dos cientistas da Universidade de Southampton pode ajudar a explicar a razão dos bebés que nascem com pouco peso terem mais probabilidade de desenvolver doenças cardíacas na idade adulta.
Os Investigadores analisaram 140 crianças, com idades entre os 8 e os 9 anos, que passaram por testes psicológicos envolvendo situações de stress. As crianças eram bebés saudáveis e estavam dentro da média de peso normal ao nascerem.
Todos tiveram que participar numa tarefa em que tinham que falar em público, contando uma história. Em seguida, tinham que fazer contas mentais.
Durante estas tarefas, o desempenho do coração e do sistema circulatório das crianças foi registado com a ajuda de sensores eléctricos.
Nos meninos descobriu-se que quanto mais baixo era o peso no nascimento, dentro da média normal, maior era a probabilidade de terem resistência vascular – a resistência ao fluxo que precisa ser superada para empurrar o sangue pelo sistema circulatório – e pressão sanguínea mais alta, particularmente depois de 25 ou 30 minutos depois do início do teste.
No teste as meninas não apresentaram o mesmo resultado. As meninas que eram menores ao nascerem não demonstraram uma resposta específica ao stress.
De uma forma consistente, sob stress ou não, elas mostraram provas de maior atividade no sistema nervoso simpático, a parte do sistema nervoso que controla ações involuntárias e fica mais activa em situações de stress, contribuindo para uma resposta do tipo ‘lutar ou fugir'”.
Esta é a primeira prova da relação entre tamanho no nascimento e o funcionamento do coração e vasos sanguineos na infância.
As diferenças entre os sexos são impressionantes e podem levar à melhor compreensão da razão de homens e mulheres desenvolverem pressão alta e doenças vasculares ou cardíacas em épocas diferentes de suas vidas.
As descobertas do estudo podem juntar-se às crescentes provas que sugerem que a forma que o coração e os vasos sanguineos funcionam em situações de stress revelam características pessoais associadas a maior risco de hipertensão e doenças do coração ou dos vasos sanguineos.
O cientista afirmou que, ao destacar estas mudanças cardíacas e circulatórias na criança em desenvolvimento, eles poderão, no futuro, desenvolver intervenções que visam as origens das doenças cardíacas e circulatórias.