Tenho trinta e um anos e três filhos lindos – Lucas, Laura e Marina. Morávamos em Curitiba.
Quando a Laura, minha segunda filha tinha 1,5 anos, fui chamada para trabalhar em uma obra (sou técnica de obras). Era em outra cidade, então levei-os comigo. Mesmo com o tempo limitado às noites com eles, ela ia desenvolvendo-se normalmente.
Nesse período nasceu minha terceira filha e voltamos para Curitiba para que eu pudesse passar a minha licença maternidade em minha casa. Logo que a licença terminou, precisei retornar à obra para finalizar meu serviço.
Para não deslocar todas as crianças levei somente a menor que precisava ser amamentada e deixei os outros em casa passando a vê-los somente nos fins de semana – a empresa me garantiu que seria por apenas um mês. Esse “mês” viraram oito meses porque a obra atrasou e foi então que fui chamada na escolinha para uma conversa: a Laura estava apresentando problemas de aprendizado, seus desenhos eram mórbidos, isolava-se dos coleguinhas e não atendia quando era chamada.
Fiquei apavorada: consultei um neutopediatra que me pediu exames de audição e um eletroencefalograma: a criança não tinha nenhum problema físico.
Iria recorrer a um psicólogo, foi então que resolvi mudar minha vida: troquei de emprego e passei a trabalhar menos, passei a ficar muito mais tempo com eles. No início ela sequer falava comigo, vivia escondida brincando sozinha pelos cantos da casa.
Hoje ela dorme segurando minha mão. Seu desempenho na escola voltou ao normal, ela é alegre e absolutamente normal. É, seguramente, a filha mais carinhosa que tenho. Talvez não venha a ser a mais inteligente, mas o que todos queremos é que nossos filhos sejam simplesmente felizes. E eu descobri uma coisa muito importante: nem o melhor dos brinquedos, nem a maior das viagens, nem as melhores roupas podem substituir algo que é muito mais fácil de oferecer: dedicação e carinho.
Eu sei que nunca vou poder oferecer todo o tempo que as mães de antigamente ofereciam, mas posso oferecer bem mais do que oferecia antes e o mais importante: “não é a quantidade do tempo, mas a qualidade do tempo que dedicamos a eles que faz toda a diferença”.
Alexandra