Desde os primeiros momentos da vida, a criança começa a adquirir a linguagem, conforme esta lhe é exposta e na forma que ela a possa entender. E quando está perante duas línguas diferentes?
Por volta dos três meses o bebé irá produzir sons e vocábulos que apenas ele percebe e que nada têm a ver com a chamada linguagem de adulto. Estes vocábulos surgem como a resposta aos pais e aos momentos que passam com ele. Entre os seis e os oito meses, as inflexões e ritmos de fala começam a ficar mais ricos, passando a usar algumas inflexões.
A partir do primeiro ano, a criança irá balbuciar uma torrente de palavras sem sentido mas ligando termos como ‘mamã’ ou ‘papá’ à pessoa certa. Aos quinze meses, a sua compreensão do discurso será mais rica e consegue compreender mais ordens. Quando completar dezoito meses, estará habilitada a dizer palavras como ‘cão’, nomes de pessoas e expressões como ‘olá’, ‘sim’ e ‘não’. É graças a esta linguagem precoce que se estabelecem os laços pessoais e afetivos entre os pais e a criança.
E no caso de os pais serem bilingues ou seja, terem duas línguas diferentes?
Nestes casos, a aquisição de linguagem pode verificar-se mais tardiamente, mas com a correta ação de ambos os progenitores, aos três anos de idade a criança já falará as duas línguas. Antes disso, tem capacidade de compreender a qual vai de encontro a cada pessoa que a usa.
Sabe-se que a aprendizagem de uma segunda língua quando criança é muito mais fácil, além da grande possibilidade de se tornar totalmente fluente na língua e sem sotaque. Em países em que a população fala mais de um idioma, como vários países da Europa, as crianças aprendem naturalmente dois ou mais idiomas ao mesmo tempo, sem apresentar nenhum problema na idade adulta.
Um estudo recente aponta para que a capacidade de falar uma segunda língua está instalada numa parte do cérebro diferente na criança, ao passo que o adulto encontra essa capacidade noutro local. Isto leva a que a aprendizagem de uma nova língua na pré-escola seja mais eficiente do que na idade adulta.
Se a aprendizagem da nova linguagem não tiver lugar antes dos dez anos de idade, a criança pode nunca conseguir vir a alcançar um bom nível de aprendizagem.
Os estudos apontam para que a criança deve começar a aprender o mais cedo possível, convivendo com outras pessoas que falem idiomas diferentes, aumentando assim a facilidade em aprender.
Quando o adulto aprende uma segunda língua, constrói novas áreas no cérebro para armazenar as informações. No entanto, a criança que aprende línguas incorpora-as na mesma área do cérebro onde estão armazenadas as informações da primeira língua.
O convívio com pessoas que falem outra língua é também essencial para a criança alcançar um bom nível de linguagem no futuro. Esta habilidade aumenta também a capacidade da criança em aprender outras línguas para além das duas possivelmente faladas em casa.