Quando a criança tem uma febre ou um constipado parece ser o fim do mundo, mas quando a gravidade de uma doença mais perturbadora irrompe no seu mundo, a questão já é outra. Falar de coisas sérias com os mais novos é complicado e, exige muito dos pais e dos filhos. Contudo, a dúvida mantém-se: contar ou esconder…
Se uma criança é atingida por uma doença grave, para além do mal estar e receio dos pais, há sempre a necessária mas perturbadora conversa, que tem que se ter com a criança para lhe comunicar o que está a acontecer. Afinal, a principal atingida é ela e mais ninguém.
Antes de mais nada, a pessoa que vai comunicar a doença e o estado do paciente, deve ser muito forte e ela própria deve ter interiorizado naturalmente o que sucedeu à criança. É necessário passar calma e conforto à criança, não a alarmando para que ela mesma se sinta segura. O bom senso e a honestidade são características especiais para esta situação e, nunca deve ignorar nenhuma delas.
Esforce-se por falar o mais calmamente possível com a criança de uma forma direta, encurtando o impasse e obrigatoriamente o medo que lhe irá causar. Como aquilo que não se conhece é sempre muito assustador, o normal é que enquanto estiver a falar, a criança vá criando na sua mente imagens demasiadamente assustadoras que lhe aumentam o receio e medo. Portanto, deve tentar ser o mais breve e clara possível.
Faça um esforço para não entrar em grandes detalhes futuros, pois o que importa à criança é perceber o que se está a passar agora e não o amanhã. Aquilo que ela vai reter, são as condições presentes e pouco mais, porque as consequências posteriores não lhe dizem grande coisa.
Nunca minta ao seu filho sobre o seu estado de saúde ou o tratamento. Se por acaso o tratamento doer e exigir muito da criança, é exatamente isso que lhe deve dizer. Se mais tarde a criança se aperceber que a enganaram, será muito grave para a relação estabelecida entre ela e os seus pais. Ao perceber que lhe mentiram, a criança retrai-se e cria uma relação distante com os seus pais.
Quando a doença atinge um dos irmãos, deve-se explicar não só à vítima o que está a acontecer com ela, como também aos seus irmãos. Toda a família deve estar por dentro daquilo que se está a passar, incluindo os mais novos. Deve adoptar uma atitude positiva e de confiança, e passar esta ideia para as pessoas que rodeiam a criança. Os relacionamentos não devem ser alterados e tudo deve continuar a funcionar como antes, não fazendo da doença um tabú nem o assunto das 24 horas do dia.
A linguagem acessível e clara é a forma mais eficaz para o problema ser um pouco minimizado. Explique-lhe exatamente o que acontece com o seu corpinho, as alterações e aquilo que motivou o aparecimento da doença. Não lhe esconda nada e tente conjuntamente com ele, ultrapassar da melhor forma toda esta situação. Transmita-lhe segurança e conforto, sem nunca o deixar culpabilizar-se de nada do que lhe está a acontecer.
Se as garras de uma qualquer doença perturbar o seu filho, saiba que ele vai precisar muito de si, de corpo e alma. Coloque todo o conforto e segurança necessários à criança, e seja o mais claro possível. Ainda que ele possa parecer não ter medo, certamente irá procurar os pais nem que seja para se refugiar nos seus braços por isso, seja forte por si e por ele…