A diabetes que ocorre na gravidez pode ser pré-existente (diabetes tipo 1 ou 2), ou pode ser diagnosticada pela primeira vez na gravidez, denominando-se Diabetes Gestacional.
Diabetes gestacional
A diabetes gestacional tende a surgir depois das 20 – 24 semanas de gestação, altura em que as hormonas da gravidez aumentam a resistência à ação da insulina.
À medida que a placenta cresce, aumentam as concentrações destas hormonas e consequentemente a resistência à ação da insulina. Quando o pâncreas não consegue com sua produção adicional suplantar esta resistência surge a Diabetes Gestacional.
As mulheres com diabetes gestacional podem vir a necessitar ou não de insulina durante a gravidez estando este facto dependente do seu perfil metabólico.
Atualmente com o apoio de uma equipa multi-disciplinar (obstetra, endocrinologista, enfermagem, nutricionista e assistente social) o sucesso de uma gravidez com diabetes é praticamente o mesmo de uma gravidez sem diabetes.
Como rastrear e diagnosticar a Diabetes Gestacional?
Todas as grávidas, entre a 24ª e a 28ª semana, devem ser rastreadas para a diabetes gestacional, pois esta é mais típica nos últimos trimestres da gravidez.
O teste de rastreio consiste na ingestão de um soluto de 50 gramas de glicose em 200 ml de água, a qualquer hora do dia. Uma hora depois, colhe-se sangue venoso para determinação da glicemia plasmática. Se o valor for = 140 mg/dl (7,8 mmol/l) o rastreio é positivo sendo necessário submeter a grávida a uma prova diagnóstica confirmatória ou não, denominada PTGO (prova de tolerância à glicose oral).
As grávidas que apresentem um valor de glicemia plasmática, em jejum, = 126 mg/dl não necessitam de efetuar o teste de rastreio, sendo logo consideradas diabéticas.
Atualmente é mais ou menos consensual que as grávidas com um valor de glicemia plasmática, ao acaso, = 200 mg/dl não devem ser consideradas imediatamente diabéticas gestacionais sem serem submetidas também à PTGO.
O que é o PTGO?
A PTGO consiste na ingestão oral de 100 gramas de glicose em 400 ml de água. A prova deve ser realizada de manhã, após um jejum mínimo de 10 horas, precedida de 3 dias de alimentação normal, sem restrição de glícidos e com uma atividade física regular.
Qual a via de Parto na Diabetes Gestacional?
Nos casos de diabetes gestacional bem controlados, e desde estejam reunidas todas as condições, a indução do trabalho de parto pode ser adiada até às 40 semanas.
A estimativa ecográfica do peso fetal, apesar de algumas limitações pode condicionar a via de parto. A cesariana eletiva é aconselhada por muitos autores quando existe uma estimativa ponderal superior a 4000 gramas.
O risco de distócia de ombros aumenta quando a diferença entre os perímetros abdominal e cefálico fetal é superior a 2,6 cm depois das 38 semanas (sensibilidade de quase 100% e um valor preditivo positivo de 30%).
Com uma vigilância adequada é possível reduzir a incidência de nos filhos de mulheres com diabetes gestacional. Apesar da normalização do peso do recém-nascido com a optimização dos valores glicémicos, a incidência de cesarianas continua inexplicavelmente alta neste grupo de mulheres.
Não se sabe até que ponto o diagnóstico da situação leva, por si só, a um excesso de cesarianas muitas vezes desnecessárias, relacionadas com o receio de um parto vaginal traumático.
Quais os cuidados a ter após o parto?
Toda a mulher a quem foi diagnosticada uma diabetes gestacional, deverá ser submetida, 6 a 8 semanas após o parto, a uma PTGO com 75 gramas de glicose, para ser reclassificada.
Mesmo que a prova seja normal, a mulher deverá ser vigiada regularmente e efetuar anualmente determinações de glicemias em jejum, pois tem um risco aumentado de vir a desenvolver diabetes no futuro.
Atualmente o sucesso da gravidez na mulher com diabetes gestacional depende de vários aspectos cruciais: a abordagem efetuada por uma equipa multidisciplinar, a centralização dos cuidados prestados, o conceito dos benefícios da normalização da glicemia e os avanços tecnológicos na Obstetrícia e na Neonatologia.
O que é a Diabetes melitus?
A diabetes melitus é uma situação patológica em que não existem quantidades suficientes de insulina ou então o organismo não é capaz de utilizar a insulina produzida pelo pâncreas. Quando ocorre durante a gravidez, designa-se por diabetes gestacional.
A insulina é a hormona responsável pela entrada de glicose para o interior das células permitindo que esta seja metabolizada com consequente produção de energia. Além do metabolismo glicídico, a insulina vai também desempenhar funções importantes no metabolismo lipídico e proteico.
A ausência da acção da insulina vai ter várias implicações metabólicas, nomeadamente o aumento da concentração da glicose no sangue (hiperglicémia).