Sou um menino traquinas. Prego partidas sem parar. Quando vou para a escola, fico atento para ver se apanho bichos pequenos, duros, mortos na estrada.
Lagartixa, rato ou gato, eu apanho tudo… Tem que é que ser pequenininho. Coloco o saco na mão, para não ficar com o “cheirinho”, depois abro a mochila rapidinho e deito o bicho lá dentro.
Na hora do recreio, quando os outros meninos estão no pátio, tiro o bicho da minha mochila e coloco em outra mochila, quase sempre daquelas meninas chatinhas, ou aqueles chatos metidos a valentes, que nos ameaçam bater o dia inteiro… Depois é só esperar um grito desesperado. Quando abrem a mochila, tranquilos e pela cauda do bicho puxam, só vejo a hora dos menino a desmaiarem mesmo ali.
No outro dia descobriram quem era eu, o menino traquinas que trazia os tais bichinhos. Na verdade era eu. Levaram-me ao diretor, escutei um bom sermão. Expulsaram-me da escola. O meu pai ficou tão zangado, que me suspendeu a semanada, nada de assistir a TV, foi de doer o coração…
Hoje, sou um menino traquinas que estuda noutra escola, mas não faço mais estas coisas. Fico quieto no meu canto, a ouvir a professora…
De repente, um sapo enorme. Corre-corre. Desespero. Como é que com as portas fechadas, um bicho destes entrou ali, sorrateiro?! Todos olharam para mim – “desta vez não fui eu não! ”
Quem disse que acreditaram no menino traquinas?! Lá vou eu para outro sermão.